Me convidaram a sentar defronte a ti.
Mesmo depois de anos,
Mesmo depois de morto, cremado.
Foi inevitável.
Mas desejados foram seus ossos fora da terra,
E desejadas foram suas raízes arrancadas,
Suas pegadas erradicadas, e,
Sem a injúria conter,
Envenenado foi solo com a tinta das veias,
Que significava e corria por seu miserável ser.
Me foi ordenada a busca de suas cinzas, e
N’outro ensejo me foi dito onde achá-las.
E sem motivo ou justificativa coerente,
Arraigado ao delírio, é possível perceber
Que apregoado o extermínio, ditas as falas
O simbolismo trouxe tudo ao fim.
Manipulando e distorcendo,
Sentencia e executa por menos, e assim,
Faz de mim arauto do incerto,
Que de certo nada tem,
Se não a única e inequívoca tarefa,
De erguer as pressas, palavras extintas,
Fitando o constrito, exíguo e irrelevante,
Com aromas, manifestações finitas,
De memórias, de dias d’antes,
De dantescas, se irrelevantes,
Pitadas de caos, insensatamente marcantes.
E, se mesmo agora hesito a tirá-lo do exílio,
Abrir a tumba, rasgando suas as ataduras,
Espalhando-o por todo o recinto,
Liberando o ar pútrido, asmático e corrupto,
É por saber que a carne apodrece e corrói,
Que o que existe se desfaz e perece,
Incondicionalmente.
Mas todo e nenhum complexo morre,
Se vê livre de vestígio ou confessa-se após a morte,
Seguido de um levante do júri,
De e composto de mortos para que me digam
Quem é o culpado, o cúmplice e a testemunha,
Se a sentença é enferma e perdida a própria sorte?