segunda-feira, 26 de maio de 2014

O conciso cotidiano

Quando o cotidiano te abraça
Você constantemente se vê procurando
E repetidamente se apega às lembranças,
Às coisas, mantendo-se vivo

E nem por isso todo o agora passa
Nem você se esvai, só prossegue andando
Continuamente se entregando ao relógio,
Que ao menos ainda é contigo

Sem que sinta'lma falir escassa
E os sonhos aos prantos, em desando,
Pois nada mais lhe dá suas rédeas
E o desejo, torna-se seu inimigo

Ambas incapacidade e desgraça
Montam parte no embate em plano
E nem o tempo que a vida leva
Nem das letras o fluir, ora desinibido


Ensejará vitória, doce ou amarga
Neste roteiro confuso e leviano
Pois o fim, a vida te leva num verso
E tudo nele jás, conciso e definitivo

domingo, 22 de janeiro de 2012

Minha vida pra você

E eu, que já não vejo mais tão longe que você
Que deveria dizer coisas que eu não sei
E viveria outras vidas no além,
Porque...

Nada é tão fácil quanto os olhos me convém
E já não sei mais do que muito, mais além
Dos outros dias nem tão belos quanto...
E viveria os meus elos pra você

Tão sóbrio, tão quanto eu queria
Flores luzindo dias
De um maluco que não vê
Tão vivo, e em outra vida
Largado vou deixando
E a passos soltos dou minha vida pra você

E hoje, ainda me pergunto pra dizer
Que ignoro outras vidas por fazer
Tão fácil antes, antes mesmo de te ver
A veste é sua, a escolha é você,
Meus passos antes, antes mesmo de saber
Porque...

Nada é tão fácil quanto os olhos me convém
E já não sei mais do que muito, mais além
Dos outros dias nem tão belos quanto...
E viveria os meus elos pra você

Tão sóbrio, tão quanto eu queria
Flores luzindo dias
De um maluco que não vê
Tão vivo, e em outra vida
Largado vou deixando
E a passos soltos dou minha vida pra você

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Monólogo: De um, para outro homem morto

-Não me olhe nos olhos com tamanha pena, moribundo dos infernos, quando me julgas se condena ao limbo tanto quanto me jogas ao tártaro.

-Cale-se, homem ignorante, porque protestas e vocifera contra os quase-mortos a beira da inevitável morte?

-Além de protestos nada me resta, além de meias palavras de destino certo, além do pó que se guardará sobre a fria sepultura.

-Temes o concreto e foges do incerto, reclama e pragmatiza com tentativas complexas, quem és tu que ages de forma tão pueril e incoerente esperando um cru resultado seguro?

-Nada sou além de nada e nada espero do que não provém do nada. Consegue entender e confiar na lógica de um semi-morto?

-Tão fácil quanto me vejo assentado no fim do mundo, à beira do abismo, em tamanho estado pútrido e imundo.

-Então não me julgas de fato? Cadaver é, convicto, em termos límpidos e claros?

-Certo como o frescor dos miasmas que nos levam abaixo, certo como resta noite após o dia, indiscutivelmente, meu caro, de fato.

E naquele fim de tarde somente uma tumba foi cavada, uma lápide foi cravada, mesmo que de pertencente aos vivos, não sobrara nada.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Sentenciado e putrefeito

Me convidaram a sentar defronte a ti.
Mesmo depois de anos,
Mesmo depois de morto, cremado.
Foi inevitável.

Mas desejados foram seus ossos fora da terra,
E desejadas foram suas raízes arrancadas,
Suas pegadas erradicadas, e,
Sem a injúria conter,
Envenenado foi solo com a tinta das veias,
Que significava e corria por seu miserável ser.

Me foi ordenada a busca de suas cinzas, e
N’outro ensejo me foi dito onde achá-las.
E sem motivo ou justificativa coerente,
Arraigado ao delírio, é possível perceber
Que apregoado o extermínio, ditas as falas
O simbolismo trouxe tudo ao fim.
Manipulando e distorcendo,
Sentencia e executa por menos, e assim,
Faz de mim arauto do incerto,
Que de certo nada tem,
Se não a única e inequívoca tarefa,
De erguer as pressas, palavras extintas,
Fitando o constrito, exíguo e irrelevante,
Com aromas, manifestações finitas,
De memórias, de dias d’antes,
De dantescas, se irrelevantes,
Pitadas de caos, insensatamente marcantes.

E, se mesmo agora hesito a tirá-lo do exílio,
Abrir a tumba, rasgando suas as ataduras,
Espalhando-o por todo o recinto,
Liberando o ar pútrido, asmático e corrupto,
É por saber que a carne apodrece e corrói,
Que o que existe se desfaz e perece,
Incondicionalmente.
Mas todo e nenhum complexo morre,
Se vê livre de vestígio ou confessa-se após a morte,
Seguido de um levante do júri,
De e composto de mortos para que me digam
Quem é o culpado, o cúmplice e a testemunha,
Se a sentença é enferma e perdida a própria sorte?

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Tempo dos livros mortos

No tempo dos livros mortos, enterrados pelas areias do tempo, sente-se, escolha um canto e perceba com quão sutil dever lhe levaram os dizeres e os fazeres de outrora.

Veja que as alianças não apregoadas se foram com os ventos que estas não tocaram, e que todo pedaço de matéria viva de sonho muda de significado. E isto se faz pelo vão dos dedos, espreitado por olhos que não se dão conta de que além de vistos não vêem.

Veja também que as palavras perdem o som, e no papel perdem a forma, o efeito, e nada que diga soará para mudar o que já não se ouve. Inevitavelmente um mundo surdo, um mundo de mudos.

Observe que os antigos laços afrouxam, mas não em força. Apenas maleabilizam sua existência, adaptado-a a grandes distâncias e velhas memórias. Os laços novos? Estes são insípidos e sem colorido, na verdade, não há mais ânimo para se embrulhar presentes.

No tempo dos livros mortos, que aparentemente nunca tiveram vida, tudo é o mesmo, porém, nada é igual, basta apenas, assíduo leitor, abrir seus olhos e ver sua face em rabiscos na areia, perder-se no silêncio e notar até onde ontem não é hoje e o de sempre nada dura.


Will



Apenas cortando a rotina com algum som inaudível... Adieu.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Retratações deixadas próximas ao espelho

E eu estava errado. Errado quando criei absurdos pra nutrir o egocentrismo exacerbado que convive comigo. Errado em odiar os outros quando deveria odiar a mim ou odiar o ódio. Suficientemente errado pra dizer que não faria diferença e que os dias passariam como se nada houvesse acontecido.

E nada tenho a fazer, a não ser me desculpar pelas sandices que povoam o inóspito buraco da minha mente, que nada tem a não ser conspirações tolas, de uma falta de senso sem rumo, que leva só ao desastre.

E temo dizer que não é a primeira, nem será a última vez que acontecerá. Por mais que eu e você achemos descarado afirmar tal iniquidade.

Por isso complemento com mais, dizendo errada a minha teoria da substituibilidade e errada minha arrogância ignorante, não em conhecimento, mas em existência.

Nada é reparável, nada é ignorável, nada é perverso demais a ponto que não se possa tirar algo proveitoso. Portanto reitero os alicerces do que pra mim já havia dado como morto, e me desculpo pelas vítimas que julguei feridas, e os culpados que julguei condenados.

Arquitetando uma nova falácia para narrar a mim na esperança de substituir mais uma das fábulas que se vai, me despeço. Rogo para que tenha paciência comigo e com os demais problemas que me acompanham.

Will

domingo, 13 de junho de 2010

Sonhos

Era uma vez um menino, que sentado ao lado de seus sonhos, contava-lhe seus medos e alegrias de poucos dias. Era uma vez o futuro, que zelava pelos sonhos do pequeno.

A chuva cai, a criança cresce, o sonho some e o futuro torna-se o menino.

Will