segunda-feira, 20 de julho de 2009

Faça o que não existe

Corpos ao chão por anos
E o cheiro pútrido de eras
Onde a morte perdura
E a vida todo dia morre

Nestes restos atearei fogo
E roubarei as cifras dos olhos
As cinzas jogarei n’água
E os espíritos em esquecimento
Para olhar nos olhos
Das cabeças, do que resta
Olhar para os pertencentes ao chão
E recitar meus delírios
Declarar-lhes a morte epopéica

Olhem me nos olhos, almas mortas
E acalmem seus cinco punhos
Olhem me nos olhos, olhem para baixo
E retornem do profundo,
Do distante inferno em que se acham

Novamente vos ponho fogo
Novamente vos jogo à água
Novamente vos roubo
Novamente vos remeto ao limbo

Calem seus protestos e vão
Minhas incômodas recordações
Já mortas pelos olhos
E tão somente pelos olhos
Aguardem à beira do Lethe
Até que outro dia chegue
De invocar e matar novamente
A minha perdida sanidade
As lembranças que não existiram


Agora então tirando o pó deste lugar sombrio e solitário novamente, só para que não fique em abandono mesmo, faz muito tempo que não sinto os dedos coçarem pra escrever algo, mas é a vida... Embora eu goste de trocar palavras com meu próprio e talvez o possível alter-ego nessas linhas corridas de um blog, estou de saco cheio. Passar bem, adieu.

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