quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Armas e asas negras

Pobre diabo armado, que destila e profere adagas de veneno contra o próprio peito. Pobre dos olhos abaixo, que nunca tocaram o céu, e das mentiras restando tão somente o amargo fel. Deliberado respingar de lágrimas ácidas, mordendo quinas aparadas de marfim, rangendo ao trepidar dos ventos, matando a vida que se ergue abaixo do negro solado que cobre os pés.

O bater da porta é inevitável. Ao sabor de maçãs doces, viajo ao confins do mundo e me recolho. O poetizar da morte, tal qual a lírica da vida, ambos ressoam no mesmo corredor raso das urnas e dos ossuários. Cântido desejo de asas negras, a inflamar o mar de óleo ralo. Em que frases soltas queimam como fósforos esparsos num dia de vento, mas os brilhos em meio a noite perduram e marcam com vermelho os negros olhos da noite.

Esses são os desejos de um matador de aluguel que não se vende, e nem mesmo mata. As últimas palavras do testamento indigente, de um legítimo Zé ninguém. Em que assinado com traços de carvão, sela todas e mais outras promessas, todas elas em vão.


Will

Sei que por hoje algo me corrói, já não é de agora, nem de pouco antes. Sei que por hoje algo me corrói, e hei de cuspir amargo até que sinta denovo palavras doces...

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