sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Tempo dos livros mortos

No tempo dos livros mortos, enterrados pelas areias do tempo, sente-se, escolha um canto e perceba com quão sutil dever lhe levaram os dizeres e os fazeres de outrora.

Veja que as alianças não apregoadas se foram com os ventos que estas não tocaram, e que todo pedaço de matéria viva de sonho muda de significado. E isto se faz pelo vão dos dedos, espreitado por olhos que não se dão conta de que além de vistos não vêem.

Veja também que as palavras perdem o som, e no papel perdem a forma, o efeito, e nada que diga soará para mudar o que já não se ouve. Inevitavelmente um mundo surdo, um mundo de mudos.

Observe que os antigos laços afrouxam, mas não em força. Apenas maleabilizam sua existência, adaptado-a a grandes distâncias e velhas memórias. Os laços novos? Estes são insípidos e sem colorido, na verdade, não há mais ânimo para se embrulhar presentes.

No tempo dos livros mortos, que aparentemente nunca tiveram vida, tudo é o mesmo, porém, nada é igual, basta apenas, assíduo leitor, abrir seus olhos e ver sua face em rabiscos na areia, perder-se no silêncio e notar até onde ontem não é hoje e o de sempre nada dura.


Will



Apenas cortando a rotina com algum som inaudível... Adieu.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Retratações deixadas próximas ao espelho

E eu estava errado. Errado quando criei absurdos pra nutrir o egocentrismo exacerbado que convive comigo. Errado em odiar os outros quando deveria odiar a mim ou odiar o ódio. Suficientemente errado pra dizer que não faria diferença e que os dias passariam como se nada houvesse acontecido.

E nada tenho a fazer, a não ser me desculpar pelas sandices que povoam o inóspito buraco da minha mente, que nada tem a não ser conspirações tolas, de uma falta de senso sem rumo, que leva só ao desastre.

E temo dizer que não é a primeira, nem será a última vez que acontecerá. Por mais que eu e você achemos descarado afirmar tal iniquidade.

Por isso complemento com mais, dizendo errada a minha teoria da substituibilidade e errada minha arrogância ignorante, não em conhecimento, mas em existência.

Nada é reparável, nada é ignorável, nada é perverso demais a ponto que não se possa tirar algo proveitoso. Portanto reitero os alicerces do que pra mim já havia dado como morto, e me desculpo pelas vítimas que julguei feridas, e os culpados que julguei condenados.

Arquitetando uma nova falácia para narrar a mim na esperança de substituir mais uma das fábulas que se vai, me despeço. Rogo para que tenha paciência comigo e com os demais problemas que me acompanham.

Will

domingo, 13 de junho de 2010

Sonhos

Era uma vez um menino, que sentado ao lado de seus sonhos, contava-lhe seus medos e alegrias de poucos dias. Era uma vez o futuro, que zelava pelos sonhos do pequeno.

A chuva cai, a criança cresce, o sonho some e o futuro torna-se o menino.

Will

sábado, 15 de maio de 2010

Harlerrot

Erguendo os olhos incrédulos
Bem ou mal, são como seguem as cortinas
Brilhando as luzes como brilham os dias
Reluzindo o mármore que cobre as expectativas
Ao sorrir, ao cair as lágrimas de tinta
Aclamando ao zombar da vida

Ah se o mármore sorrisse além da tinta
E a máscara se quebrasse, e tocasse a Colombina
Saltitando em pleno palco, expressando alegria
Que passam dos olhos, que por trás da máscara
As luzes vêem, e esperam o dia

Quem se dera conta do valor de tanto mimo
Distante da normalidade, calando o silêncio
Ao fluir de luas, puritano maluco
Quem se dera conta do quão bobo e travesso se faz
Irrisível, caricato, levemente sagaz
Entre peripécias e pormenores, do frio mármore
Do anonimato se apraz

Ingenuamente, de roupas largas figurando em meio a vida
Controverso, de ladina poesia
Aguardando o descuido de um lado,
Para de assalto tomar, a loucura ou a rebeldia
Que pinta as faces sobre o mármore
E esconde a realidade sincera, no ato, palco da vida.


Will


Mais que mais palhaços, mais que mais Commedia dell'arte, mais que horas perdidas, menos que eu poderia.

domingo, 9 de maio de 2010

Anjos caídos

Tão perto quanto
Num sentir compadecido
Eu entre eles, todos
Todos anjos, destinos caídos
Não eram agradáveis
Nem tampouco conhecidos
Restando a todo silêncio relutante
Arrancar-lhes as penas d'antes
E alcunhar-lhes, amigos.


Will



Espasmo da madrugada, um beijo e um abraço aos que debaixo das penas dessas asas quebradas estão, aos meu queridos, ocultos, anjos caídos...

sábado, 24 de abril de 2010

Feliz 382 dias...

Sim, feliz 382 dias! Passou só um pouquinho do primeiro ano de blog, não?

Enfim, esse recinto se encontra abandonado. Mesmo contra minha vontade. Pode-se dizer que ainda assim foi interessante o que se pôde fazer ao longo de um ano. Essa brincadeira foi até certo ponto produtiva.

Só lamento por não ter tempo de me dedicar ao ócio irresponsável. Lamento não ter tido tempo de escrever mais, de não ter tido tempo de lembrar que o blog fez 1 ano. Sequer tive o direito de estruturar uma crise de 20 anos. Vai ficar pra depois...

Sim, de mim as palavras saem motivadas pela falta de senso, pelo devaneio, pela insanidade transitória. Bom, só é permitida a loucura à quem nada tem a fazer.

Pois bem, me foi tomada toda a insalubridade mental e a criatividade (in)produtiva. E no lugar destas deixaram esse resto de pessoa inconveniente, que aos percausos de rotina se torna nada mais que um poço incômodo de irritação.

No mais, desejo a todos dias belos e rotinas brandas, para que possam pintar seus quadros com tempo para escolherem suas cores.

Will

quinta-feira, 1 de abril de 2010

O Rock é o que fica

Com medo dos sonhos que perdi
As faces de ontem, o que já fiz

Não me olhe nos olhos...
Não perturbe onde estou
Não me olhe nos olhos...
Nem sei o que restou

Abaixo dos pés...
Ao som do Rock n’ Roll

Erguendo o áudio
Incinerando cada esquina
A vida é minha
E o Rock é o que fica

Joguei na mala, saquei a chave
E vergonha na cara eu deixei em casa
Dentro do carro, esquecendo ontem
Eu que não volto mais

Não, eu não tenho nome
Eu não tenho nada mais
Não, eu não tenho posses
Um carro velho e uma guitarra no banco de trás

Gritando alto...
Cantando Rock n’ Roll

Erguendo o áudio
Incinerando cada esquina
A vida é minha
E o Rock é o que fica

E eu já não sei mais
A quantos dias que eu olho adiante
E não vejo nada atrás
E eu já não sei mais
O que me dizem e reclamam
Desse som alto demais

O de sempre a fazer...
Só eu e o Rock n’ Roll


Will

Outra música... Desculpe se é o que me faz feliz...

segunda-feira, 15 de março de 2010

Rosas Laranjas

Não costumava ser como antes
Os rabiscos, as promessas
Que a orar em preces,
Cobriam de expectativa

Releve essa extasia de vida
A paranóia insólita, vazia
E os desgraçados que choram

E abandone assim, esses hábitos

Ao fim da melodia, laranja
As rosas que sobram

Então, sempre presentes de canto
À mesa, os ramos
Das pétalas de amáveis gestos
Que traziam sorrisos certos

E abandone assim, esses hábitos

Ao fim da melodia, laranja
As rosas que sobram

As rosas laranjas
E os dias que correm


Will

Sempre que possível tentarei manter a média de 2 posts por mês, mais, se possível. Apesar de que, como ando, apenas spamearei meu próprio recinto...
Até a próxima vez...

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Simplesmente não sei

Não sei se já sentiste a incontrolável vontade de causar sofrimento ao mundo, de bradar todas as chagas da almas até mesmo aos surdos, de matar e ver, por prazer, o respingar do sangue à luz da lua.

Não sei o quão fora da sanidade pode estar, eu, você, e todos os corpos a que desejo. E não nego o deleite da selvageria a que vim degustar. Mas sim, enquanto vivo renego a você a piedade, que por alguns instantes da vida, julgo estar morta e enterrada dentro do lúgubre peito, criado das cinzas e da poeira que cobre o esquecer frio das lápides, covas, sepulturas.

Não sei se sabes a origem do mal, tão pouco de todo o infeliz salivar ácido proveniente das injúrias e delírios que corroem a carne, a alma. Mas sinto que de certa forma útil me será, e temo pelos vivos. Temo e não temo, em um paradoxo sádico, homicida.

Não sei na verdade nada, e o sei com todo gosto, não sei se tenho em memórias imagens, rostos. Mas sei que de nada servem, à um morto.


Will



E como ja disse a alguém, devo ser um cara amargurado e rancoroso pra fluir fácil e bem linhas com tanto pesar. Enfim, bem vindo a um 2010 repleto, mais uma vez, de mim. Adieu

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Queda Livre

O dia nasce e os olhos abrem
A luz que toca a face
E as lágrimas que escorrem
Passam ao logro, passam
Ao intento de pirraça
Desenhando em pleno ar
Seu desejo de...
Queda Livre

Salvas as memórias
E as páginas que passam
Renegando aquelas glórias
Queimam fotos, matam
Querendo longe
Permitindo-os pular
Em desejo de...
Queda Livre


Will

Só pra não deixar que os fantasmas fiquem em 2009...